domingo, 30 de março de 2008

Créditos de Carbono

O que são "Créditos de Carbono" ?

É um bônus, um pagamento em dinheiro, para quem usa tecnologias que ajudam a reduzir o efeito estufa no planeta.

Um amplo consenso científico concorda que os gases do efeito estufa (GEE), como o dióxido de carbono e o metano, contribuem para o aquecimento global através do efeito estufa. Uma questão ainda em aberto é sobre a intensidade e a rapidez destas mudanças climáticas.

Tratado da ONU negociado na cidade japonesa de Kyoto em 1997 e efetivado em 2005, o Protocolo de Kyoto exige a redução de cerca de 5% das emissões de GEE até 2012, com base nos níveis de 1990.

O Protocolo de Kyoto é conseqüência de uma série de eventos iniciados com a Toronto Conference on the Changing Atmosphere, no Canadá (outubro / 1988), seguida pelo IPCC’s First Assessment Report em Sundsvall, na Suécia (agosto / 1990), e que culminou com a Convenção Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança Climática (UNFCCC) na Rio’92, aqui no Rio de Janeiro (junho / 1992).

Até dezembro de 2007, 172 países ratificaram suas assinaturas. Os Estados Unidos negaram-se a ratificar o Protocolo de Kyoto, de acordo com a alegação do presidente George W. Bush de que os compromissos acarretados pelo mesmo interfeririam negativamente na economia norte-americana.

A redução das emissões deverá acontecer em várias atividades econômicas. O protocolo estimula os países signatários a cooperarem entre si, através de algumas ações básicas:

Reformar os setores de energia e transportes;
Promover o uso de fontes energéticas renováveis;
Eliminar mecanismos financeiros e de mercado inapropriados aos fins da Convenção;
Limitar as emissões de metano no gerenciamento de resíduos e dos sistemas energéticos;
Proteger florestas e outros sumidouros de carbono.

Os Créditos de Carbono, criados pelo Tratado de Kyoto, são certificados de compensação que os países em desenvolvimento (como Brasil, China e a Índia) podem emitir a cada tonelada de gases tóxicos que deixam de lançar na atmosfera. Os países industrializados, por sua vez, que precisam reduzir a emissão de gases poluentes, compram tais créditos como "direito de poluir".

Segundo especialistas, há várias formas de ajudar na redução dessas emissões devastadoras para o clima global. Uma das mais promissoras é ganhar dinheiro para salvar o planeta. O Brasil é o segundo país com o maior número de projetos para a venda de créditos de carbono, atrás apenas da Índia, e o segundo com maior potencial de reduzir as emissões pelos critérios dos países emergentes.

Há duas maneiras de ganhar dinheiro com a venda de créditos de carbono. A primeira segue os critérios do Protocolo de Kyoto. Nesse caso, os projetos são registrados na ONU e podem ter seus créditos vendidos a empresas da União Européia e do Japão, cujos governos já estabeleceram metas de redução da poluição para alguns setores industriais. Cada crédito significa que a companhia retirou da atmosfera uma tonelada de CO2 e repassa ao comprador o direito de emitir o equivalente em gases poluentes.

Os países em desenvolvimento signatários do Protocolo de Kyoto, não são obrigados a conter a liberação dos gases, mas têm o direito de vender os créditos da “sujeira” que deixaram de fazer. Os brasileiros estão bem colocados nesse ramo graças à experiência com projetos de redução de emissões e ao baixo custo de implantá-los por aqui.

Usina Coruripe, Alagoas

Em maio de 2007 a Globo Rural publicou reportagem sobre a Usina Coruripe, instalada na cidade alagoana de mesmo nome. Terra dos canaviais, Coruripe possui quatro usinas que cortam cana por lá.

A Usina Coruripe registrou o primeiro projeto na ONU, em 2004, para gerar os créditos de carbono, que já estão sendo negociados com uma grande empresa da Inglaterra.

O processo que permite a comercialização dos créditos de carbono é um sistema de geração de energia elétrica feito a partir do bagaço de cana, que gera a chamada energia limpa e renovável. A queima do bagaço cria o vapor necessário para movimentar as turbinas, que geram 35 Mewatts de energia por hora.

Com metade disso já dá para suprir todas as necessidades da indústria e do sistema de irrigação dos canaviais. A outra metade é vendida para a empresa de energia elétrica do estado de Alagoas.

No caso da Usina Coruripe, a previsão é que a geradora de energia renda 200 mil toneladas em créditos de carbono até 2012.

Quem credencia uma empresa como vendedora de crédito é a ONU. Não é fácil nem rápido, pois todos os projetos devem passar antes pelo governo brasileiro, que avalia se a empresa colabora para o desenvolvimento sustentável da sua região e se ela cumpre as leis trabalhistas e ambientais.

Assista no Globo Vídeos a reportagem especial feita hoje sobre o tema: http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM809260-7823-CREDITOS+DE+CARBONO,00.html .

E ainda a conversa com o engenheiro florestal Beto Mesquita sobre reflorestamento e crédito de carbono, dia 19 de março:
http://video.globo.com/Videos/Player/Entretenimento/0,,GIM807074-7822-COMO+APAGAR+NOSSAS+PEGADAS+AMBIENTAIS,00.html .

Abril / 2008

segunda-feira, 24 de março de 2008

O carro elétrico do Tom Hanks

Por que, como num passe de mágica, o carro elétrico deixou de ser uma alternativa viável para acabarmos com a dependência do petróleo e com a poluição do planeta?

Em agosto de 2006 a BBC publicou reportagem intitulada “A morte do carro elétrico” (
http://news.bbc.co.uk/1/hi/magazine/5245036.stm ) denunciando uma possível conspiração para que o carro EV1 da General Motors não fosse para frente.

O fracasso também é relatado no documentário do cineasta Chris Paine “Quem matou o carro elétrico?” (Who Killed the Electric Car?). No filme, Paine relata que a indústria automobilística e as empresas de petróleo cinicamente conspiraram para que isso ocorresse, contando com a ajuda do governo e de consumidores apáticos.

A GM desenvolveu o carro quando a Califórnia, em 1990, saiu na frente e adotou a lei para que todos os novos veículos vendidos dentro do estado emitissem 30% menos dióxido de carbono (CO2) em 10 anos e para que 10% dos carros vendidos até 2003 emitissem poluição zero.

Segundo a BBC, o filme acusa os lobistas de trabalharem para a indústria automobilística para que o projeto não fosse adiante. Do outro lado, os empresários afirmam que investiram centenas de milhares para desenvolver o carro elétrico sem terem retorno do consumidor.

E foi assim que os legisladores mudaram as regras, argumentando que outras tecnologias ofereciam melhores chances para acabar com a poluição - o que foi reforçado pelos oponentes do carro elétrico, com a análise de que o aumento do uso de energia elétrica anularia os benefícios da redução do uso de petróleo.

Como diz o premiado jornalista Piers Ward, da revista automobilística inglesa Top Gear, falta uma grande estratégia de marketing para divulgar a imagem do carro elétrico e incentivar os consumidores a largarem os carros que dependem do petróleo.

Apesar disso, o carro elétrico é uma realidade. Em entrevista para o Late Show do David Letterman, Tom Hanks declara ser possuidor de um: “Ele é tão rápido que você pode até ganhar uma multa” (veja no YouTube
http://www.youtube.com/watch?v=aNZT61Dgbvs ).

O ator americano possui dois carros, um híbrido e um totalmente elétrico, o qual podemos vê-lo dirigindo no vídeo bem-humorado divulgado em seu My Space intitulado “My Electric Car”:
http://www.myspace.com/tomhanks .

Tecnologias verdes no caminho do eco-automóvel definitivo

A revista Exame desta semana é uma edição especial sobre negócios e sustentabilidade. Toda “verde”, ela traz uma reportagem de cinco páginas sobre o investidor israelense Shai Agassi, que está injetando 200 milhões de dólares na Project Better Place, empresa que vai levar adiante um projeto inédito: financiar e operar redes de abastecimentos de carros elétricos.

O projeto piloto tem previsão para começar ainda este ano. Em 2009 será instalada a rede elétrica integrada para, em 2010, entrar no mercado o modelo final para produção em larga escala. “O problema que tivemos historicamente com os veículos elétricos é que eles eram introduzidos no mercado antes de a infra-estrutura de energia estar preparada”, diz Agassi para a revista Exame.

O modelo de negócios desenvolvido por Agassi é semelhante ao que existe na telefonia celular, onde os clientes compram pacotes mensais de minutos para falar no telefone.

Embora não revele detalhes, ele garante que já está em conversação com governos de outros países para expandir o projeto. O Brasil, por causa de suas dimensões e da cana-de-açúcar, não está entre as suas prioridades: “O Brasil já ataca o problema de mudanças climáticas com o etanol”, diz.

O Brasil é destaque quando o assunto é biocombustível. O nosso "gás-álcool" polui menos e ajuda o país a reduzir a dependência do petróleo externo, até atingirmos uma produção equivalente ao nosso consumo. No entanto, o Brasil ainda está entre os 10 maiores emissores do mundo de gás carbônico e metano na atmosfera.

Enquanto isso...

A Toyota desenvolveu o Prius, carro híbrido, que combina motor a gasolina e elétrico, possibilitando poupança de combustível e baixas emissões de CO2, além de uma condução silenciosa.

O Sistema Híbrido Toyota permite a redução da emissão nociva dos gases HC, CO e NOx em até 70% e elimina para quase metade as emissões de CO2 associadas ao "aquecimento global".

Conheça mais no site:

http://www.toyota.pt/cars/new_cars/prius/index.aspx

A Honda também desenvolveu o Honda Civic Hybrid, confira:
http://www.honda.pt/auto/modelos_top_hybrid.swf?area=configurador&modelo=civic%20hybrid&versao.

O site Turbo faz uma comparação dos dois, para os interessados:
http://clix.turbo.pt/default.asp?CpContentId=327032.

Março / 2008

segunda-feira, 17 de março de 2008

A Importância do Reforço Escolar

Divulgo aqui artigo escrito pelo educador Claudio Mendonça, contra a repetência escolar:

Foco no aluno

Novembro de 2007. Assisto a uma reunião de pais em uma escola particular que que exibe outdoors pela cidade comemorando o “primeiro lugar no Enem”. Presentes o Diretor Geral da unidade e a Coordenadora Geral Pedagógica. A mãe de um aluno perguntava como havia sido o desempenho de uma turma de sétima série na prova de Matemática.

Ao ouvir que mais de 60% dos alunos haviam tirado nota inferior ao grau estabelecido como mínimo para aprovação, ela declarou: "Meu filho gosta da professora e da matéria e faz o “reforço” da própria escola todos os dias, mas jura que ele e muitos colegas estudaram até a página 92 do livro e essa matéria estava na página 97. Aliás, algumas questões são cópias exatas de exercícios do livro".

Seguiu-se então um longo debate sobre se o professor havia informado "o que ia cair na prova" de forma correta, se os alunos haviam anotado no caderno ou "confiado na memória" e, o que mereceu maior atenção do diretor, o fato de existirem questões idênticas às do livro; o que poderia, segundo ele, gerar "um favorecimento" daquele aluno que fez repetitivamente os exercícios do material didático.

Alguns pais exigiam uma nova prova, o que era prontamente rechaçado pela equipe pedagógica, afinal, "seria injusto com os demais". Não consegui entender claramente as "razões" e não me atrevi a propor as soluções para o impasse, mas estava claro ali que a avaliação parecia se colocar num patamar de disputa entre professor e alunos, e deles entre si, onde a prova fixaria os limites e regras do embate.

Mais adiante, assistimos a uma minuciosa explicação do professor de Matemática, que demonstrou uma curva de graus que dispunha necessariamente um grupo de alunos na média, acima da média e abaixo da média, o desvio padrão e a esperada taxa de reprovação “cientificamente arbitrada”.

A curva garantia uma taxa constante de reprovação, relativizando as notas dos alunos em função da aprendizagem geral da turma. Nesse ponto a Coordenadora Pedagógica afirmava: "Está certo, afinal, numa recuperação onde todo mundo passa de ano há algo de errado...".

Todos balançavam a cabeça concordando. A partir daí me ocorreu o pensamento de que algumas verdades absolutas dos sistemas de avaliação ultrapassam as fronteiras das salas de aula e ganham contornos em alguns, digamos, fundamentos de nossa sociedade.

Parece absolutamente razoável em nosso país que o professor se coloque numa posição de "fonte do conhecimento"; que toda a aprendizagem gire entorno "do que vai cair" na prova e que se fixem metas cognitivas onde, se alguns alunos conseguem atingi-las os demais poderiam ter chegado lá se não fossem desinteressados, bagunceiros ou preguiçosos.

A repetência parece ser necessária, inclusive, pra emprestar seriedade ao sistema educacional e a recuperação de estudos uma ferramenta que mistura oportunidade de nota e punição. A competitividade entre os alunos acontece no dia-a-dia da sala de aula, e o fracasso de uma parcela numerosa destes num teste parece reconfortar os pais (seus filhos não estão sozinhos nas notas baixas) além de aprisionar o professor que luta pela padronização cada vez maior da avaliação, buscando comparar os estudantes entre si.

A conhecida "segunda chamada" tem necessariamente que ser mais difícil que a primeira, afinal, os alunos terão mais tempo pra estudar e, se for diferente, é provável que todos os alunos "fiquem doentes" (!) para fazer a prova depois, com mais calma e fora da inexorável pressão estabelecida na semana de testes. Os trabalhos em grupo são raros e encarados com pouca seriedade pelos alunos e pais.

Numa outra oportunidade ouvi o seguinte relato de um responsável: “Meu filho, no ano passado, começou a ler um livro do Sherlock Holmes por sugestão da própria escola e se apaixonou pelo gênero. No final do ano fomos à Bienal e ele escolheu com entusiasmo mais dois dessa série. Leu um nas férias e agora gostaria de ler o seguinte, mas como a agenda dele de aulas extraclasse, dever de casa e provas semanais é muito intensa, ele não consegue conciliar essa leitura com a "leitura obrigatória" de Dom Casmurro, do Machado de Assis”. Por que ele não pode ler o livro que escolheu? Perguntei. O professor disse que isso seria impossível, senão ele não teria como fazer a avaliação para constatar se o aluno havia mesmo lido o livro, afinal a avaliação deveria ser padronizada e sem o temor da nota baixa “ninguém lê”. Dias antes assistia a uma palestra de Rubem Alves em que ele contava sobre uma escrita no mural da biblioteca da Escola da Ponte (Cidade do Porto, Portugal), com os mandamentos do setor e o primeiro deles era "nenhuma criança será obrigada a ler aquilo que não deseja ler...".

Até que ponto essa padronização é necessária? Por que a escola não desenvolve estratégias de aprendizagem cooperativa buscando que os alunos não apenas desenvolvam atividades em grupo, mas aprendam como um time, ajudando e encorajando um ao outro a aprender e superar os desafios[1]?

O aluno, simplesmente, quando não atinge as notas das provas, "leva bomba". A avaliação escolar frequentemente não é utilizada, para diagnosticar problemas e buscar soluções. Ao revés, é encarada como um duelo onde uma pegadinha (manobra para confundir) na prova é esperada com ansiedade pelo estudante. Por conta disso, dentre outras razões, do total de 53 milhões de crianças matriculadas nas escolas, identificam-se apenas 47 milhões entre 6 e 17 anos.

Ou seja, temos seis milhões de pessoas a mais no sistema (repetentes em sua imensa maioria), resultando em um custo para o Brasil de cerca de R$12 bilhões a cada ano. Dinheiro jogado fora se analisarmos os números do Prova Brasil que mostram claramente que o desempenho dos alunos com um histórico de retenções é inferior ao dos que nunca repetiram o ano. Ainda que seja óbvio, vale lembrar que a repetência, via de regra, não faz alunos melhores.

Claudio Mendonça é Presidente da Fundação Escola de Serviço Público do Estado do Rio de Janeiro (FESP-RJ)

[1] Cooperative Learning – Robert Slaving – 1995

quarta-feira, 12 de março de 2008

Cobertura da coletiva do Gabeira - 11.03.2008


"Salvando o Rio de Janeiro do processo de decadência"


Com apoio do cacique maior do PSDB no Rio de Janeiro, Marcelo Alencar, e cercado pelos companheiros Alfredo Sirkis (PV) e Stephan Nercessian (PPS), Fernando Gabeira começou a entrevista explicitando a importância de ter escolhido a ABI (Associação Brasileira de Imprensa) como palco do lançamento de sua pré-candidatura à prefeitura: “Estou aqui na ABI defendendo a liberdade de imprensa, que está ameaçada no país.”.


Como militante da Educação, confesso que amoleci ainda mais quando ele citou o modelo educacional de Leonel Brizola: “Brizola tinha razão. Tinha o modelo ‘bala de prata’ para resolver os problemas da educação brasileira.”. Com esta afirmação Gabeira reconheceu que a educação de qualidade passa pelo horário integral. “Reconhecemos a premissa de que, quanto mais tempo na escola, mais a criança aprende.”.


O candidato está totalmente aberto ao apoio do PDT. Não somente ao apoio do partido, mas também dos militantes e dos cidadãos que admiram o trabalho de Brizola e Darcy Ribeiro, encarregado de coordenar a implantação dos Centros Integrados de Educação Pública (os famosos CIEPs) nos dois mandatos em que fez parte da equipe do então governador.


Gabeira seguiu defendendo o currículo único e a capacitação dos gestores das escolas.


Outro ponto enfatizado pelo candidato foi o RENASCIMENTO DO RIO DE JANEIRO. “O Rio está em um processo de renascimento, temos que criar uma corrente positiva pra ganharmos força e depois negociar”, afirmou Gabeira, se referindo à taxa de renegociação da dívida que o município ainda tem com a União.


“O prefeito não conseguirá nada sozinho. O problema será resolvido pela cidade, no conjunto.”. Sobre a identificação com a Zona Sul nos votos federais, Gabeira foi enfático. Pediu tempo para conquistar a população: “A questão será resolvida adequadamente, com o tempo. Quero tempo para a conquista. Posso não ficar com a maioria, mas muita gente vai me entender.”.


Ao ser questionado pela polarização ESQUERDA x DIREITA, Gabeira respondeu dizendo que o momento não é para isso: “Polarização esquerda e direita está superada. Queremos desenvolver o Rio de Janeiro de forma capitalista, claro, mas com respeito ao meio-ambiente e às condições de trabalho.”.


O apoio da juíza Denise Frossard também é desejado: “Pretendo pedir o apoio da juíza Denise o mais rápido possível. Será uma honra.”.


Gabeira está abrindo a guarda: “Minha principal diferença entre o atual prefeito do Rio é que eu vou ouvir. Temos um prefeito muito preparado, que estuda muito... Acompanha os dados... Mas essa é a principal diferença. Eu também vou ouvir.”.


O candidato espera agir em conjunto, tanto ao governo estadual quanto ao federal, principalmente na questão da segurança pública.


“Quanto melhores os candidatos e mais propositivos, melhor a disputa”.

Março / 2008

segunda-feira, 10 de março de 2008

A Tecnologia da Informação a serviço da Educação

Dados do MEC mostram que, desde o início de 2007, o ProInfo (Programa Nacional de Informática na Educação) expandiu o atendimento de 1,8 mil para 5,3 mil municípios, ampliando de cerca de 6,5 mil para 13 mil escolas equipadas com laboratórios de informática.

A estimativa é equipar, até 2010, cerca de 80 mil escolas que ainda não dispõem de laboratórios de informática. Apenas em 2008 a programação prevê a inclusão no ProInfo de 20 mil escolas.

Com o objetivo de capacitar os professores para utilizarem da melhor maneira possível os recursos da Tecnologia da Informação, o Governo do Estado do Rio de Janeiro distribuirá este ano 31 mil notebooks, com conexão à Internet em banda larga, para os professores do ensino médio das escolas públicas estaduais. E pretende aumentar este número.

As escolas que mantêm laboratórios de informática os utilizam pouco como aliados no ensino das matérias. Para reverter este quadro, juntamente com o notebook, serão oferecidos cursos de capacitação à distância para os professores contemplados e está sendo estudada a possibilidade de ser montado um Help Desk para auxiliar os novos usuários.

A educação à distância é um mercado que cresce, em média, 40% ao ano (SENAC, 2007), e destaca-se pela flexibilidade, rapidez e redução de custos nos processos educacionais. Integra tecnologias da informação e comunicação avançadas com projetos pedagógicos inovadores, facilitadores de um processo educacional autônomo e continuado. Sendo assim, o programa foi planejado para abranger não só a inclusão digital, mas também oferecer módulos específicos para a área de Educação.

Os módulos foram planejados para que o professor, por meio das experiências propostas, possa se familiarizar com os recursos tecnológicos; se aperfeiçoar nas ferramentas de texto, planilha e apresentação; desenvolver as competências necessárias para operar os recursos da Internet podendo enriquecer as aulas com conteúdo disponível na rede; adequar as competências docentes a uma atuação profissional voltada para a aprendizagem, visando a utilização de material didático interativo e selecionar recursos pedagógicos de acordo com a atividade a ser desenvolvida.

Esta é uma forma de buscar a melhoraria da qualidade da educação, beneficiando os profissionais com os recursos da Tecnologia da Informação, para que eles possam transferir os conhecimentos digitais para seus alunos.

A capacitação dos professores é essencial para que eles se familiarizem com as principais ferramentas tecnológicas e aprendam como produzir e realizar buscas por conteúdos que possam ser utilizados em suas aulas ou, até mesmo, para sua própria atualização e desenvolvimento profissional.

O projeto espera que os docentes utilizem o notebook como uma ferramenta para a preparação das aulas e no ensino das matérias previstas no currículo. Ou seja, o equipamento será um meio para ensinar e melhorar o desempenho dos alunos nas matérias desejadas.

O programa do curso deve ser atual e interativo, incentivando os professores a assumirem uma atitude pró-ativa na busca de conhecimento e na construção do saber, competências essenciais para a promoção da reciclagem ao longo da vida. Além disso, as aulas devem capacitar o professor a integrar a tecnologia nos seus afazeres diários e a desenvolver habilidades e competências que possibilitem uma melhoria na sua qualidade de vida.

Estudo da Unesco lançado em 2003 ("ENSINO MÉDIO: MÚLTIPLAS VOZES") revelou que os professores que admitem não dominar a informática são mais comuns nas redes públicas de ensino. As porcentagens de docentes pesquisados que admitem não dominar a tecnologia da informação, a depender da capital, variam de 24,6% a 7,2% nas escolas públicas e 7,7% a 1,2% nas escolas privadas.

Segundo a indicação dos alunos os laboratórios são pouco usados como recurso pedagógico. Na rede pública, essa indicação varia de 92% a 89,9%. Nas escolas privadas, as proporções diminuem em todas as capitais, mostrando que os alunos dessas escolas têm mais acesso aos laboratórios, contudo não usufruindo uma situação ideal, pois entre esses a indicação de não utilização varia, de acordo com a capital, entre 86,3% a 9,1%.

Educação de qualidade prevê a criação de estratégias que permitam ao aluno passar de ano sabendo o conteúdo, o incentivo à prática da leitura, o acesso aos laboratórios de ciências e informática e às atividades esportivas e culturais. Para isso é necessário contar com a colaboração de profissionais motivados e capacitados.

A Inclusão Digital deve ser promovida de forma responsável, para possibilitar a geração de trabalho e renda. Numa sociedade como a brasileira, em que mais de 97% da população em idade escolar está estudando é de esperar que a Inclusão Digital se faça predominantemente dentro da escola e através dela, incluindo também seu corpo docente.

Agora é esperar para ver.
Março / 2008

quinta-feira, 6 de março de 2008

Gabeira!!

O Rio de Janeiro não é um burgo podre
Elio Gaspari

A CANDIDATURA de Fernando Gabeira à Prefeitura do Rio de Janeiro será um sopro de inteligência na campanha eleitoral de uma cidade que parece entregue a um condomínio de caciques, comendadores e poderosos chefões. Na ponta do lápis, sua chances são pequenas, menores que as de Barack Obama em fevereiro do ano passado.Desprezando o pedaço de sua biografia que ficou no século passado, vale relembrar que Gabeira mandou o PT passear em outubro de 2003.Naquela época, os poderosos da República veneravam a trindade de comissários do "núcleo duro" do governo: José Dirceu, Antonio Palocci e Luiz Gushiken. (O primeiro registro digno de fé da existência de um sistema de mesadas no Congresso é de fevereiro do ano seguinte. O termo mensalão só aparece em setembro.)

Aos 67 anos, o deputado do PV entra em mais uma briga, carregando nas costas a mochila da decência. Há candidatos em quem se vota para ganhar e há aqueles com quem se vai na certeza da derrota. Lula em 1994 e 1998 foi um exemplo desse paradoxo da democracia. Gabeira parece ter essa qualidade. É melhor perder com ele do que ganhar com alguns de seus concorrentes.Em 1973, opondo-se à fusão dos Estados do Rio e da Guanabara, que continha a valorosa cidade de São Sebastião, o economista Eugênio Gudin escreveu um memorável artigo intitulado "A Guanabara não é um burgo podre". Quase meio século depois, grande parte do poder político da cidade concentrou-se nas mãos de oligarcas e chefões.

Gente estranha, que se elege coligando-se com o inimigo a quem chamou de ladrão ontem e chamará novamente amanhã. Politicamente, o Rio de Janeiro nunca esteve tão perto de virar um burgo podre.

Nunca é demais lembrar que foi Nosso Guia, associado ao comissário José Dirceu, quem permitiu o aparecimento da dinastia dos Garotinho e de seus derivados. Em 1998, a dupla interveio no PT do Rio de Janeiro e detonou a candidatura de Vladimir Palmeira ao governo do Estado. Só o tempo dirá se essa decisão pode ser comparada à chegada do mosquito da febre amarela ao porto da cidade.

A presença de Fernando Gabeira na eleição talvez não resulte na sua ida para a prefeitura, mas terá três efeitos, todos benéficos. No primeiro, melhorará o nível de decência da disputa. Mesmo que melhore pouco, isso já será alguma coisa. No segundo, justificará a ida de pessoas para a rua, nem que sejam cinco. A idéia de ver alguém numa esquina agitando uma bandeira sem aquela cara de quem está esperando um lanche e R$ 50 já faz bem à alma. No terceiro, o mais relevante, trará uma voz que nunca se associou à demofobia que tomou conta da agenda político-social do burgo. Afinal, a Rocinha não é "uma fábrica de produzir marginal". Se fosse, o Rio já teria acabado.

O carioca não vive numa cidade qualquer. Quando ele vem pela avenida Rio Branco, passa pelo monumento a Floriano Peixoto, dobra e cruza com Deodoro da Fonseca e Getúlio Vargas. Quando chega à Siqueira Campos, vê o bronze (horrendo) dos 18 do Forte. Foi na sua cidade que aconteceram as coisas que fizeram a história daquelas pessoas. Era numa esquina de Ipanema que Tom Jobim e Vinicius de Moraes viam o mundo inteiro se encher de graça.
(Folha de S. Paulo / O Globo)
Março / 2008