terça-feira, 6 de maio de 2008

Divulgação: Balanço do Global Greens


Penna: "Global Greens serviu para mostrar que não somos um gueto"Durante 4 dias, mais de 800 participantes de 88 países transformaram São Paulo na capital mundial dos verdes. O maior encontro da história dos verdes mostrou a vitalidade do ecologismo, única força política da atualidade que possui condições de se articular internacionalmente de forma representativa.

O Global Greens 2008 também marca um novo momento para os verdes. Se o início do movimento foi de protestos e manifestações, agora há um interesse maior na formulação de políticas públicas para intervir na sociedade. Essa postura é reflexo da condição de muitos partidos verdes, que saíram da marginalidade política e se transformaram em partidos de grande expressão em seus países, com forte poder de influência na formulação de leis e políticas nos parlamentos e nos governos. Isso já era sentido no I Global Greens, em 2001, principalmente pela postura dos verdes europeus que, naquele momento, compunham alguns governos nacionais em seus países, e foi neste segundo encontro, a tônica dos debates.

A questão dos biocombustíveis foi colocada na ordem do dia do movimento, com uma forte rejeição dos verdes europeus. Esses verdes criticam, principalmente, o etanol estadunidense (feito de milho) e argumentam que a produção deveria ser voltada para a alimentação. Para eles, há uma forte relação entre a produção de biocombustíveis e a atual crise de alimentos enfrentada pela humanidade. Os verdes europeus afirmam que a ênfase deve continuar sendo uma pressão para que os países reduzam o consumo de combustíveis ecologicamente insustentáveis e que se reforce a pressão para a adoção das energias eólica e solar. A preocupação deles é que se considere os biocombustíveis como a solução para o aquecimento global, sem levar em conta os danos sócio-ambientais envolvidos na produção destes e, principalmente, que sejam considerados como uma espécie de "licença verde" para seguir no padrão insustentável de consumo atual.

Outro destaque foi a participação dos mais de 200 verdes brasileiros, presentes em workshops e palestras. Dois grandes eventos organizados pelo PV brasileiro ocorreram durante o Global Greens 2008: o I Congresso Nacional da Juventude do PV, que elegeu a primeira direção nacional jovem e o Encontro Nacional das Executivas Estaduais, onde foram debatidas políticas e idéias para o Partido Verde. Durante o Encontro, o Presidente Nacional do Partido Verde, José Luis Penna, afirmou a relevância do Global Greens para mostrar aos verdes brasileiros "que não somos um gueto político". Estamos no mundo todo, mais vivos do que nunca.

Perdeu o Global Greens? Assista aos vídeos do evento:

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Global Greens: tentando salvar o mundo


São Paulo, Brasil, participando do II Global Greens, congresso dirigido a todos os Verdes do planeta para discutir o aquecimento global e seus impactos.

O evento acontece de 1º a 4 de maio, na Fundação Memorial da América Latina – auditório Simon Bolívar, e a abertura, realizada ontem às 18h, contou com a participação de 80 países de todos os continentes.

O porta-voz do Partido Verde Europeu, Philippe Lambert, ressaltou que é preciso participação com decisão, o que ele chamou de “Green Action” (Ação Verde). Segundo ele, isso só é possível se tivermos representantes Verdes na política.

A outra porta-voz do Partido Verde Europeu, Ulrike Lunacek, afirmou que apesar de agora o mundo inteiro estar debatendo os problemas ambientais, são os Verdes quem têm a solução, o restante faz apenas “lip service” (falatório - trabalho de lábios, em tradução literal).

Segundo ela, a política verde, que se baseia em três pilares (defesa do meio-ambiente, justiça social e direitos humanos + democracia) deve chegar ao topo da agenda política mundial.

Acompanhem o evento ao vivo:
http://www.globalgreens.org.br/new/index.php?option=com_frontpage&Itemid=1


Maio / 2008

terça-feira, 29 de abril de 2008

O Veneno e o Antídoto

Estive na Casa do Saber na sexta-feira passada para assitir ao documentário "O Veneno e o antídoto: uma visão da violência na Colômbia", com direito a debate com o ex-Secretário de Segurança Pública de Bogotá, Hugo Acero.
Com muitas entrevistas e depoimentos o filme passa com simplicidade a mensagem de que existe uma saída para o problema que enfrentamos no Brasil.
Algumas cidades brasileiras passam exatamente o que se passou em Medelín nas décadas de 80 e 90 e se o fenômeno não for enfrentado teremos consequências desastrosas. Durante o debate, Hugo Acero deixou claro que é um trabalho de equipe.
Todas as esferas (população, municipal, estadual e federal) devem se envolver e o respeito aos Direitos Humanos é essencial para o sucesso da empreitada e o engajamento dos cidadãos.
"É o começo do fim da guerra na Colômbia, e o conflito não acaba no campo de batalha", afirmou, se referindo aos esforços que foram feitos para garantir o desenvolvimento da sociedade durante a luta.
Foi traçado um plano de desenvolvimento, principalmente para as zonas que sofreram intervenções, passando por todas as esferas, com enfoque na educação. Não é à toa que Bogotá abriga uma das bibliotecas mais visitadas do mundo, a Luis Ángel Arango, a segunda maior da América Latina, com 45.000 m², que recebe cerca de 9 mil visitantes por dia, tem dois milhões de livros e capacidade para 2.000 leitores sentados.
Além disso, a Luis Ángel Arango também é referência em atividades culturais no país, com programação musical, exposições e acervo de Numismática (estudo de moedas e medalhas).
Nos últimos anos, a prefeitura da cidade construiu diversas megabibliotecas na cidade, todas atendidas por uma rede de ciclovias de 300 km de extensão e um sistema de ônibus articulados em corredores.
A iniciativa da capital colombiana culminou na criação da BIBLIORED, uma rede de bibliotecas espalhadas pela cidade que auxiliou no processo de construção de mais três grandes centros de referência da informação: as bibliotecas El Tintal, El Tunal e Virgílio Barco.
Sobre o filme (http://www.abpitv.com.br/):
O documentário "O Veneno e o antídoto: uma visão da violência na Colômbia" mostra a procura da Colômbia por caminhos para a paz, em meio a um violento conflito interno.
Nos últimos 10 anos, a Colômbia se tornou uma referência em políticas de segurança pública. Bogotá e Medellín, que até os anos 90 eram exemplos de caos e violência urbana, conseguiram controlar a criminalidade na última década.
O número de homicídios por cada 100 mil habitantes em Bogotá, que era de 80, é hoje de 23. Em Medelín, esse índice, que era de 360 há 10 anos, caiu para 29,4, em 2006.O país, entretanto, ainda vive um intenso conflito armado, deflagrado há mais de 40 anos. A tranqüilidade aparente dos dois principais centros urbanos colombianos contrasta com os enfrentamentos no interior do país.
Nas pequenas cidades e no campo, os paramilitares, a guerrilha e as forças governamentais travam uma sangrenta disputa por território. Fugindo desse destino terrível, quase quatro milhões de colombianos deixaram seus lugares de origem e buscaram refúgio nas favelas das grandes cidades do país. São os desplazados - refugiados internos que somam quase 10% da população colombiana e que estão no centro de uma grave crise humanitária.
Existem, porém, dezenas de comunidades rurais, de diferentes regiões da Colômbia, que optaram pela resistência pacífica às pressões dos atores armados do conflito e declararam neutralidade. São as Comunidades de Paz. A mais bem consolidada delas está em San José de Apartadó, um vilarejo próximo à fronteira com o Panamá, no qual vivem aproximadamente 2 mil agricultores.
Apesar dos ataques que já vitimaram 178 de pessoas, os habitantes da Comunidade de Paz de San José de Apartadó insistem na neutralidade e, semeando suas terras e cuidando de seus órfãos, procuram um caminho para viver em paz, ainda que em meio ao conflito.
Abril / 2008

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Os 10 melhores sites verdes internacionais

Saiu no blog do Alexandre Mansur
http://www.blogdoplaneta.globolog.com.br/

Virou o principal portal de ecologia americano. É bastante centrado nos problemas e soluções dos Estados Unidos. Mas traz novidades instigantes para todos nós.
Você não precisa abraçar árvores para ficar em paz com a natureza. O Tree Hugger é um dos melhores pontos de referência para levar uma vida com menos impacto ambiental.
Em seu blog, o repórter Andrew C. Revkin do jornal New York Times investiga os esforços para que nosso planeta sustente 9 bilhões de pessoas com conforto.
O blog é alimentado pelos repórteres e colaboradores da revista britânica New Scientist. Tem posts originais e provocantes sobre o tema.
O meteorologista americano Roger Pielke montou um blog para desfazer as confusões em torno da ciência das mudanças climáticas. É um dos pontos de encontro entre os pesquisadores e o público interessado.
O blog conta o dia-a-dia da revolução tecnológica que promete ajudar a salvar o planeta e ainda preservar o nosso confortável estilo de vida.
A ONG montou um time criativo de ativistas que usa bem as armas da internet para pressionar empresas e governos. Experimente tentar ficar impassível diante deles.
O blog independente do pesquisador francês Edouard Stenger sempre traz alguma análise sensata e diferente do que você está lendo nos outros lugares.
Conhecer e entender o mundo natural nos dá motivos para defendê-lo. O site do Museu de História Natural de Londres é uma expedição sem fim.
A elite da ciência publica suas pesquisas na revista britânica Nature e troca idéias no blog. É ali que está a fronteira do conhecimento sobre natureza, genética e ciência em geral.
Abril / 2008

Os melhores sites verdes

Saiu na Revista Época:

http://www.socioambiental.org/
A mais completa base de dados sobre povos indígenas do Brasil, mapas da Amazônia e informação sobre áreas de conservação.

http://www.oeco.com.br/
Reportagens exclusivas dos recantos mais escondidos do país.

www.greenpeace.org/brasil
Vídeos engraçados, blogs de ativistas e notícias.

http://verbeat.org/blogs/facaasuaparte
Blog de empresária que virou uma ação coletiva com outros 11 blogueiros.

http://www.wwf.org.br/
Site com informações atualizadas sobre as principais questões ecológicas do mundo.

http://mudeomundo.com.br/
O blog dá dicas para uma vida ecologicamente correta.

http://esquecimentoglobal.blogspot.com/
Blog que promove a preservação dos belos cenários nacionais.

http://outraagricultura.blogspot.com/
Blog sobre debate de agricultura orgânica e alimentação saudável.

http://apocalipsemotorizado.net/
O blog prega alternativas para a cultura do automóvel.

http://www.ambientebrasil.com.br/
Portal de notícias de ecologia.

Revista Época
28 de Abril de 2008
Pág. 24

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Família: muito pior sem ela...

O desempenho escolar do aluno está diretamente ligado ao envolvimento do responsável. Diversos educadores defendem que o papel da família deve ser valorizado devido à importância estratégica que ela tem, principalmente na educação infanto-juvenil.

O processo educacional deve ser levado para o dia-a-dia da família. Quanto maior o envolvimento, maior a possibilidade de sucesso.

O pedagogo Antônio Carlos Gomes da Costa, um dos autores do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), por exemplo, defende o que ele chama de "pedagogia da presença", onde os pais devem estabelecer uma relação de permanente abertura, reciprocidade e compromisso com seus filhos.

Não existe fórmula mágica, o simples interesse já resolve a questão. Segundo Antônio Carlos, “o desenvolvimento de atitudes favoráveis ao sucesso escolar dos filhos, não depende do grau de consciência cidadã e de engajamento político-social dos pais, mas, fundamentalmente, do amor pelos filhos e do desejo natural e irreprimível de que eles tenham sucesso na sala de aula e na vida. Trata-se, pois, de uma iniciativa de educação familiar, visando a melhoria do desempenho escolar de nossas crianças e adolescentes.”.

A revista Veja da semana (http://veja.abril.com.br/230408/p_092.shtml) traz uma entrevista com o psicanalista francês Charles Melman, onde ele afirma que a instituição familiar está desaparecendo e que as conseqüências são imprevisíveis.

Concordo com Melman quando ele afirma que o papel de autoridade do pai está em decadência. Por mais problemática que seja, é melhor ter uma família do que não tê-la, e não necessariamente à moda antiga (discordando com ele nesse ponto...). Pais separados amam os filhos com a mesma intensidade e as atitudes positivas continuam valendo.

Iniciativas simples como falar bem do colégio, conhecer o professor e se interessar pelo que a criança está aprendendo, permitem que seja estabelecida uma relação harmoniosa e saudável com a escola.

Parece antiquado, mas a família é a base de tudo. Usando as palavras do Gomes da Costa, “se a família muda, muda a escola, muda a comunidade, muda o município, muda o estado, muda o país.”.

Na mesma direção, a revista Isto É
(http://www.terra.com.br/istoe/edicoes/2006/artigo77374-3.htm) do dia 16 de abril colocou na capa a reportagem “Sua família, sua saúde”, divulgando um levantamento feito pela Universidade de Ryerson, no Canadá. Os estudos revelam que fortes vínculos familiares protegem e ajudam o organismo a se recuperar melhor das doenças.
Para fazer tietagem com uma amiga muito querida vou colocar aqui a foto que saiu na revista. Não tem ilustração melhor.
"Família pé na estrada:
Unida, a família da administradora de empresas carioca
Giuliana Monteiro (em pé de camisa lisa) se reúne para viajar. Pais, avós e três meninas colecionam, por exemplo, idas à Disney e à Europa. No ano passado, uma das irmãs casou-se com um italiano e teve uma menina, que fará um ano em junho. Resultado: muito em breve, todos irão para a Itália. (Revista Isto É, 16/4/2008)"

Abril / 2008

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Aculturação e miscigenação: sou brasileira, sim!!

Conheçam o Quilombo São José

O termo aculturação pode significar a formação de uma nova cultura a partir de outras ou a absorção de uma cultura pela outra
[1].

No caso do Brasil, o predomínio da cultura ocidental cristã em nossa dominação foi exercido de um lado pelos colonos, à frente de seus negócios; e do outro, pelos jesuítas, à frente de suas missões.

Esse predomínio se deve ao fato de, na prática, ser impossível exterminar resquícios de uma cultura antiga. A nova cultura sempre terá aspectos da cultura inicial e da cultura absorvida, e no Brasil não poderia ser diferente.

Os portugueses aqui chegaram “descobrindo” o Brasil em 1500 e o resto da história todo mundo já sabe: índios, portugueses e negros deram origem ao que existe hoje em nosso território nacional.

Além de herdeiros genéticos, nossa cultura também descende da mistura dessas raças.

A revista Veja, em dezembro de 2000 (
http://veja.abril.com.br/201200/p_102.html) publicou uma reportagem especial sobre a pesquisa realizada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) intitulada "Retrato molecular do Brasil", que traçou o primeiro perfil genético do brasileiro e que concluiu, entre outras coisas, que somos MESMO o país da miscigenação.

A reportagem começa assim:

“Todas as nações e todas as pessoas manifestam curiosidade em relação a seus antepassados. Os brasileiros, mais que os habitantes de países de população homogênea, têm interesse redobrado pelo assunto. Há um mistério e um problema na geração do povo brasileiro. O mistério é saber o que cada um de nós é. Europeus, negros e índios estão na base genética dos 170 milhões de habitantes do país. Sabe-se hoje que mais de 60% dos que se julgam "brancos" têm sangue índio ou negro correndo nas veias. O problema está no fato de que essa mestiçagem influi na maneira como a população se enxerga. Pelo tipo de beleza loura exibida em novelas da televisão, anúncios publicitários e passarelas da moda, o Brasil, ou a elite brasileira, parece envergonhar-se de sua mestiçagem.”.

Como conclui o educador e antropólogo Darcy Ribeiro no livro "O Povo Brasileiro: a formação e o sentido do Brasil" nosso povo “surgiu e cresceu, constrangido e deformado" (Darcy Ribeiro, O povo brasileiro, Ed. Companhia das Letras, 1995, p. 26).

Meu processo educacional não poderia ter sido diferente. Trabalhando no projeto Fala Galera da UNESCO (http://www.unesco.org.br), em 2001, conheci a ONG (organização não-governamental) Jongo da Serrinha (http://www.jongodaserrinha.org.br/secao.asp?cod_secao=home) e cheguei à conclusão de que eu e os demais descendentes de minha família éramos vítimas desse constrangimento citado pelo mestre Darcy.

O Grupo Cultural Jongo da Serrinha tem como objetivo preservar a cultura popular, em especial o turismo étnico, disseminando o samba, os terreiros de umbanda, a história dos nossos antepassados...

Recentemente recebi convite para um evento do Jongo da Serrinha no Quilombo São José (http://quilombosaojosedaserra.blogspot.com/). Pensei “Um quilombo, que ótimo! Mas aonde temos um quilombo aqui no Rio de Janeiro?”. A reposta me causou constrangimento imediato: em Valença, município do estado do Rio de Janeiro, Quilombo da Fazenda São José da Serra...

Como é que eu, natural de Valença, NUNCA ouvi falar sobre o Quilombo São José? É o quilombo mais antigo do estado e embora minha família materna tenha descendência direta de negros eu sequer ouvi histórias ou lendas sobre esta comunidade...

Fica difícil de acreditar, mas como, felizmente, ainda não é tarde, vou organizar uma visita e contar como foi a experiência.

[1] Usando um clichê para os fãs do nosso querido Aurélio, ele define como a interpenetração de culturas, ou seja, o conjunto de fenômenos provenientes do contato direto e contínuo de grupos de indivíduos representantes de culturas diferentes, que acabam por formar uma nova cultura.

Abril / 2008

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Reciclando e Inventando

Passeando em Visconde de Mauá, distrito de Resende, município localizado no sul do estado do Rio de Janeiro, na Região do Vale do Paraíba, me deparei com uma loja de camisetas recicladas de garrafa PET. Se a loja não tivesse uma demonstração do processo de reciclagem eu não teria acreditado nesta possibilidade, como a maioria das pessoas quando eu saio com minha camiseta vermelha fazendo propaganda.

Dados da Associação Brasileira da Indústria do PET (ABIPET), retirados do site
http://www.cempre.org.br/ , mostram que o volume de reciclagem cresceu 11,5% entre 2005 e 2006, atingindo 194 Ktons. A taxa de 51,3% de PET reciclado sobre o consumo virgem coloca o Brasil em posição de destaque, ficando à frente da Europa (38,6%) e dos Estados Unidos (23,5%) e atrás apenas do Japão (62%).

O consumo de PET no mercado interno brasileiro aumentou 17% em igual período (180 Ktons). É importante destacar que houve expansão da compra do material no formato de polímero (de 2% para 9%), o que indica aumento de valor agregado na cadeia de reciclagem e melhoria na tecnologia de processamento do material. A aplicação em produtos têxteis é o principal destino (40%).

Na onda do “guarda-roupa sustentável” as camisetas saem na frente, mesclando garrafas PET com fibras de algodão. O resultado desta fabricação é o mesmo dos produtos convencionais, como divulga o jornalista Gilberto Dimenstein (
http://www.cempre.org.br/fichas_tecnicas.php?lnk=ft_pet.php) na reportagem “Camisetas ecológicas geram renda para catadores”: “O tecido feito a partir de PET reciclado tem qualidade equivalente a do tecido comum. A respiração, por exemplo, é normal”, destaca o gerente industrial Edvaldo Peres, da Krimpp, empresa que produz o tecido e camisetas a partir de fibra de PET reciclado.

Os interessados podem obter mais informações no site da Fundação Banco do Brasil.
http://www1.folha.uol.com.br/folha/dimenstein/comunidade/gd080904.htm

Onde encontrar moda sustentável:

* Bibe -
http://www.bibe.com.br
* 1001 retalhos
http://www.naraguichon.com
* Será o Benedito
http://www.seraobenedito.com.br
* Amazon Life -
www.amazonlife.com.br
* Quem te viou quem te vê
http://www.quemteviuquemteve.com
* Projeto Terra -
www.projetoterra.com.br
* Tekoha -
www.tekoha.org
* Natural Fashion -
www.naturalfashion.com.br
* Ciclo Natural -
www.cicloambiental.com
* Rubia Calazans
http://www.byrubiacalazans.com
* Jeans Hall -
http://www.jeanshall.com.br/
* Volcom -
http://www.volcom.com
* Dzarm -
http://www.dzarm.com.br/

Curiosidade:

Iluminação com garrafas PET (
http://video.globo.com)

Em 2002, em pleno apagão, um mecânico de Uberaba percebeu que poderia escapar da escuridão ao pendurar garrafas plásticas cheias de água no telhado de casa.

É uma garrafa PET de dois litros, com água limpa, duas tampinhas de água sanitária e um potinho de filme de máquina fotográfica para proteger do sol, para não estragar a tampa", ensina seu Alfredo.

A invenção atravessou divisas e virou atração no Parque Ecológico Chico Mendes, na Grande São Paulo. Também atiçou a curiosidade da ciência. O engenheiro elétrico Clivenor de Araújo Filho mediu a intensidade de luz de cada garrafa. "Essa luminosidade equivale a uma lâmpada entre 40 e 60 watts", constata.

A idéia luminosa de seu Alfredo se espalhou pela vizinhança.

Assistam ao vídeo:

http://br.youtube.com/watch?v=agC4r5qI50E

Abril / 2008

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Compensação Ambiental

Quanto polui um "cidadão comum"?

Debatendo com amigos sobre o que podemos fazer em relação à degradação ambiental e às mudanças climáticas, recorri a alguns sites especializados no tema do "Carbono Zero" ou "Carbono Neutro”, ou, ainda, “Carbono Neutralizado”.

Todos nós contribuímos para o fenômeno do aquecimento global: com a energia que consumimos nas nossas casas, com as nossas opções de transporte, enfim, no nosso dia-a-dia.

Então vamos lá: que práticas podem ser adotadas para reduzirmos as emissões de gases poluentes que causam o efeito estufa?

“(...) Digamos que você acorde às 6h, ligue a luz da escrivaninha, tome uma ducha de 10 minutos, use o carro por 15 minutos até o escritório, trabalhe, volte pelo mesmo caminho, prepare o jantar e assista a um filme antes de dormir. Como ninguém é de ferro, no verão você pega um avião para visitar a família que está em outro Estado. Pronto, você terá emitido pelo menos 4 toneladas de carbono em um ano, resultado da luz e do combustível consumidos. Isso não quer dizer que você seja um grande poluidor. Basicamente qualquer movimento dentro de uma cidade gera gases do efeito estufa. Você é apenas um cidadão urbano comum, como tantos outros milhões distribuídos pelas grandes e médias cidades do planeta. (...)”.

Retirado do site do deputado federal do Rio de Janeiro Fernando Gabeira (http://www.gabeira.com.br/ ), o trecho acima é parte da reportagem “Carbono zero é meta de empresas do Brasil para 2007” publicada no Estado de São Paulo em 31 de dezembro de 2006, e nos ensina que “Projetos florestais, com o plantio de árvores, são um dos caminhos usados, pois absorvem o CO2 que está no ar e o estocam como biomassa. Aquelas 4 toneladas emitidas por você no ano, por exemplo, equivalem de 6 a 7 árvores.”.

Quem quiser saber mais sobre o assunto, sugiro alguns sites interessantes:

http://www.carbononeutro.com.br/
http://www.carbonobrasil.com/
http://www.aquecimentoglobal.com.br/

Abril / 2008

domingo, 30 de março de 2008

Créditos de Carbono

O que são "Créditos de Carbono" ?

É um bônus, um pagamento em dinheiro, para quem usa tecnologias que ajudam a reduzir o efeito estufa no planeta.

Um amplo consenso científico concorda que os gases do efeito estufa (GEE), como o dióxido de carbono e o metano, contribuem para o aquecimento global através do efeito estufa. Uma questão ainda em aberto é sobre a intensidade e a rapidez destas mudanças climáticas.

Tratado da ONU negociado na cidade japonesa de Kyoto em 1997 e efetivado em 2005, o Protocolo de Kyoto exige a redução de cerca de 5% das emissões de GEE até 2012, com base nos níveis de 1990.

O Protocolo de Kyoto é conseqüência de uma série de eventos iniciados com a Toronto Conference on the Changing Atmosphere, no Canadá (outubro / 1988), seguida pelo IPCC’s First Assessment Report em Sundsvall, na Suécia (agosto / 1990), e que culminou com a Convenção Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança Climática (UNFCCC) na Rio’92, aqui no Rio de Janeiro (junho / 1992).

Até dezembro de 2007, 172 países ratificaram suas assinaturas. Os Estados Unidos negaram-se a ratificar o Protocolo de Kyoto, de acordo com a alegação do presidente George W. Bush de que os compromissos acarretados pelo mesmo interfeririam negativamente na economia norte-americana.

A redução das emissões deverá acontecer em várias atividades econômicas. O protocolo estimula os países signatários a cooperarem entre si, através de algumas ações básicas:

Reformar os setores de energia e transportes;
Promover o uso de fontes energéticas renováveis;
Eliminar mecanismos financeiros e de mercado inapropriados aos fins da Convenção;
Limitar as emissões de metano no gerenciamento de resíduos e dos sistemas energéticos;
Proteger florestas e outros sumidouros de carbono.

Os Créditos de Carbono, criados pelo Tratado de Kyoto, são certificados de compensação que os países em desenvolvimento (como Brasil, China e a Índia) podem emitir a cada tonelada de gases tóxicos que deixam de lançar na atmosfera. Os países industrializados, por sua vez, que precisam reduzir a emissão de gases poluentes, compram tais créditos como "direito de poluir".

Segundo especialistas, há várias formas de ajudar na redução dessas emissões devastadoras para o clima global. Uma das mais promissoras é ganhar dinheiro para salvar o planeta. O Brasil é o segundo país com o maior número de projetos para a venda de créditos de carbono, atrás apenas da Índia, e o segundo com maior potencial de reduzir as emissões pelos critérios dos países emergentes.

Há duas maneiras de ganhar dinheiro com a venda de créditos de carbono. A primeira segue os critérios do Protocolo de Kyoto. Nesse caso, os projetos são registrados na ONU e podem ter seus créditos vendidos a empresas da União Européia e do Japão, cujos governos já estabeleceram metas de redução da poluição para alguns setores industriais. Cada crédito significa que a companhia retirou da atmosfera uma tonelada de CO2 e repassa ao comprador o direito de emitir o equivalente em gases poluentes.

Os países em desenvolvimento signatários do Protocolo de Kyoto, não são obrigados a conter a liberação dos gases, mas têm o direito de vender os créditos da “sujeira” que deixaram de fazer. Os brasileiros estão bem colocados nesse ramo graças à experiência com projetos de redução de emissões e ao baixo custo de implantá-los por aqui.

Usina Coruripe, Alagoas

Em maio de 2007 a Globo Rural publicou reportagem sobre a Usina Coruripe, instalada na cidade alagoana de mesmo nome. Terra dos canaviais, Coruripe possui quatro usinas que cortam cana por lá.

A Usina Coruripe registrou o primeiro projeto na ONU, em 2004, para gerar os créditos de carbono, que já estão sendo negociados com uma grande empresa da Inglaterra.

O processo que permite a comercialização dos créditos de carbono é um sistema de geração de energia elétrica feito a partir do bagaço de cana, que gera a chamada energia limpa e renovável. A queima do bagaço cria o vapor necessário para movimentar as turbinas, que geram 35 Mewatts de energia por hora.

Com metade disso já dá para suprir todas as necessidades da indústria e do sistema de irrigação dos canaviais. A outra metade é vendida para a empresa de energia elétrica do estado de Alagoas.

No caso da Usina Coruripe, a previsão é que a geradora de energia renda 200 mil toneladas em créditos de carbono até 2012.

Quem credencia uma empresa como vendedora de crédito é a ONU. Não é fácil nem rápido, pois todos os projetos devem passar antes pelo governo brasileiro, que avalia se a empresa colabora para o desenvolvimento sustentável da sua região e se ela cumpre as leis trabalhistas e ambientais.

Assista no Globo Vídeos a reportagem especial feita hoje sobre o tema: http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM809260-7823-CREDITOS+DE+CARBONO,00.html .

E ainda a conversa com o engenheiro florestal Beto Mesquita sobre reflorestamento e crédito de carbono, dia 19 de março:
http://video.globo.com/Videos/Player/Entretenimento/0,,GIM807074-7822-COMO+APAGAR+NOSSAS+PEGADAS+AMBIENTAIS,00.html .

Abril / 2008

segunda-feira, 24 de março de 2008

O carro elétrico do Tom Hanks

Por que, como num passe de mágica, o carro elétrico deixou de ser uma alternativa viável para acabarmos com a dependência do petróleo e com a poluição do planeta?

Em agosto de 2006 a BBC publicou reportagem intitulada “A morte do carro elétrico” (
http://news.bbc.co.uk/1/hi/magazine/5245036.stm ) denunciando uma possível conspiração para que o carro EV1 da General Motors não fosse para frente.

O fracasso também é relatado no documentário do cineasta Chris Paine “Quem matou o carro elétrico?” (Who Killed the Electric Car?). No filme, Paine relata que a indústria automobilística e as empresas de petróleo cinicamente conspiraram para que isso ocorresse, contando com a ajuda do governo e de consumidores apáticos.

A GM desenvolveu o carro quando a Califórnia, em 1990, saiu na frente e adotou a lei para que todos os novos veículos vendidos dentro do estado emitissem 30% menos dióxido de carbono (CO2) em 10 anos e para que 10% dos carros vendidos até 2003 emitissem poluição zero.

Segundo a BBC, o filme acusa os lobistas de trabalharem para a indústria automobilística para que o projeto não fosse adiante. Do outro lado, os empresários afirmam que investiram centenas de milhares para desenvolver o carro elétrico sem terem retorno do consumidor.

E foi assim que os legisladores mudaram as regras, argumentando que outras tecnologias ofereciam melhores chances para acabar com a poluição - o que foi reforçado pelos oponentes do carro elétrico, com a análise de que o aumento do uso de energia elétrica anularia os benefícios da redução do uso de petróleo.

Como diz o premiado jornalista Piers Ward, da revista automobilística inglesa Top Gear, falta uma grande estratégia de marketing para divulgar a imagem do carro elétrico e incentivar os consumidores a largarem os carros que dependem do petróleo.

Apesar disso, o carro elétrico é uma realidade. Em entrevista para o Late Show do David Letterman, Tom Hanks declara ser possuidor de um: “Ele é tão rápido que você pode até ganhar uma multa” (veja no YouTube
http://www.youtube.com/watch?v=aNZT61Dgbvs ).

O ator americano possui dois carros, um híbrido e um totalmente elétrico, o qual podemos vê-lo dirigindo no vídeo bem-humorado divulgado em seu My Space intitulado “My Electric Car”:
http://www.myspace.com/tomhanks .

Tecnologias verdes no caminho do eco-automóvel definitivo

A revista Exame desta semana é uma edição especial sobre negócios e sustentabilidade. Toda “verde”, ela traz uma reportagem de cinco páginas sobre o investidor israelense Shai Agassi, que está injetando 200 milhões de dólares na Project Better Place, empresa que vai levar adiante um projeto inédito: financiar e operar redes de abastecimentos de carros elétricos.

O projeto piloto tem previsão para começar ainda este ano. Em 2009 será instalada a rede elétrica integrada para, em 2010, entrar no mercado o modelo final para produção em larga escala. “O problema que tivemos historicamente com os veículos elétricos é que eles eram introduzidos no mercado antes de a infra-estrutura de energia estar preparada”, diz Agassi para a revista Exame.

O modelo de negócios desenvolvido por Agassi é semelhante ao que existe na telefonia celular, onde os clientes compram pacotes mensais de minutos para falar no telefone.

Embora não revele detalhes, ele garante que já está em conversação com governos de outros países para expandir o projeto. O Brasil, por causa de suas dimensões e da cana-de-açúcar, não está entre as suas prioridades: “O Brasil já ataca o problema de mudanças climáticas com o etanol”, diz.

O Brasil é destaque quando o assunto é biocombustível. O nosso "gás-álcool" polui menos e ajuda o país a reduzir a dependência do petróleo externo, até atingirmos uma produção equivalente ao nosso consumo. No entanto, o Brasil ainda está entre os 10 maiores emissores do mundo de gás carbônico e metano na atmosfera.

Enquanto isso...

A Toyota desenvolveu o Prius, carro híbrido, que combina motor a gasolina e elétrico, possibilitando poupança de combustível e baixas emissões de CO2, além de uma condução silenciosa.

O Sistema Híbrido Toyota permite a redução da emissão nociva dos gases HC, CO e NOx em até 70% e elimina para quase metade as emissões de CO2 associadas ao "aquecimento global".

Conheça mais no site:

http://www.toyota.pt/cars/new_cars/prius/index.aspx

A Honda também desenvolveu o Honda Civic Hybrid, confira:
http://www.honda.pt/auto/modelos_top_hybrid.swf?area=configurador&modelo=civic%20hybrid&versao.

O site Turbo faz uma comparação dos dois, para os interessados:
http://clix.turbo.pt/default.asp?CpContentId=327032.

Março / 2008

segunda-feira, 17 de março de 2008

A Importância do Reforço Escolar

Divulgo aqui artigo escrito pelo educador Claudio Mendonça, contra a repetência escolar:

Foco no aluno

Novembro de 2007. Assisto a uma reunião de pais em uma escola particular que que exibe outdoors pela cidade comemorando o “primeiro lugar no Enem”. Presentes o Diretor Geral da unidade e a Coordenadora Geral Pedagógica. A mãe de um aluno perguntava como havia sido o desempenho de uma turma de sétima série na prova de Matemática.

Ao ouvir que mais de 60% dos alunos haviam tirado nota inferior ao grau estabelecido como mínimo para aprovação, ela declarou: "Meu filho gosta da professora e da matéria e faz o “reforço” da própria escola todos os dias, mas jura que ele e muitos colegas estudaram até a página 92 do livro e essa matéria estava na página 97. Aliás, algumas questões são cópias exatas de exercícios do livro".

Seguiu-se então um longo debate sobre se o professor havia informado "o que ia cair na prova" de forma correta, se os alunos haviam anotado no caderno ou "confiado na memória" e, o que mereceu maior atenção do diretor, o fato de existirem questões idênticas às do livro; o que poderia, segundo ele, gerar "um favorecimento" daquele aluno que fez repetitivamente os exercícios do material didático.

Alguns pais exigiam uma nova prova, o que era prontamente rechaçado pela equipe pedagógica, afinal, "seria injusto com os demais". Não consegui entender claramente as "razões" e não me atrevi a propor as soluções para o impasse, mas estava claro ali que a avaliação parecia se colocar num patamar de disputa entre professor e alunos, e deles entre si, onde a prova fixaria os limites e regras do embate.

Mais adiante, assistimos a uma minuciosa explicação do professor de Matemática, que demonstrou uma curva de graus que dispunha necessariamente um grupo de alunos na média, acima da média e abaixo da média, o desvio padrão e a esperada taxa de reprovação “cientificamente arbitrada”.

A curva garantia uma taxa constante de reprovação, relativizando as notas dos alunos em função da aprendizagem geral da turma. Nesse ponto a Coordenadora Pedagógica afirmava: "Está certo, afinal, numa recuperação onde todo mundo passa de ano há algo de errado...".

Todos balançavam a cabeça concordando. A partir daí me ocorreu o pensamento de que algumas verdades absolutas dos sistemas de avaliação ultrapassam as fronteiras das salas de aula e ganham contornos em alguns, digamos, fundamentos de nossa sociedade.

Parece absolutamente razoável em nosso país que o professor se coloque numa posição de "fonte do conhecimento"; que toda a aprendizagem gire entorno "do que vai cair" na prova e que se fixem metas cognitivas onde, se alguns alunos conseguem atingi-las os demais poderiam ter chegado lá se não fossem desinteressados, bagunceiros ou preguiçosos.

A repetência parece ser necessária, inclusive, pra emprestar seriedade ao sistema educacional e a recuperação de estudos uma ferramenta que mistura oportunidade de nota e punição. A competitividade entre os alunos acontece no dia-a-dia da sala de aula, e o fracasso de uma parcela numerosa destes num teste parece reconfortar os pais (seus filhos não estão sozinhos nas notas baixas) além de aprisionar o professor que luta pela padronização cada vez maior da avaliação, buscando comparar os estudantes entre si.

A conhecida "segunda chamada" tem necessariamente que ser mais difícil que a primeira, afinal, os alunos terão mais tempo pra estudar e, se for diferente, é provável que todos os alunos "fiquem doentes" (!) para fazer a prova depois, com mais calma e fora da inexorável pressão estabelecida na semana de testes. Os trabalhos em grupo são raros e encarados com pouca seriedade pelos alunos e pais.

Numa outra oportunidade ouvi o seguinte relato de um responsável: “Meu filho, no ano passado, começou a ler um livro do Sherlock Holmes por sugestão da própria escola e se apaixonou pelo gênero. No final do ano fomos à Bienal e ele escolheu com entusiasmo mais dois dessa série. Leu um nas férias e agora gostaria de ler o seguinte, mas como a agenda dele de aulas extraclasse, dever de casa e provas semanais é muito intensa, ele não consegue conciliar essa leitura com a "leitura obrigatória" de Dom Casmurro, do Machado de Assis”. Por que ele não pode ler o livro que escolheu? Perguntei. O professor disse que isso seria impossível, senão ele não teria como fazer a avaliação para constatar se o aluno havia mesmo lido o livro, afinal a avaliação deveria ser padronizada e sem o temor da nota baixa “ninguém lê”. Dias antes assistia a uma palestra de Rubem Alves em que ele contava sobre uma escrita no mural da biblioteca da Escola da Ponte (Cidade do Porto, Portugal), com os mandamentos do setor e o primeiro deles era "nenhuma criança será obrigada a ler aquilo que não deseja ler...".

Até que ponto essa padronização é necessária? Por que a escola não desenvolve estratégias de aprendizagem cooperativa buscando que os alunos não apenas desenvolvam atividades em grupo, mas aprendam como um time, ajudando e encorajando um ao outro a aprender e superar os desafios[1]?

O aluno, simplesmente, quando não atinge as notas das provas, "leva bomba". A avaliação escolar frequentemente não é utilizada, para diagnosticar problemas e buscar soluções. Ao revés, é encarada como um duelo onde uma pegadinha (manobra para confundir) na prova é esperada com ansiedade pelo estudante. Por conta disso, dentre outras razões, do total de 53 milhões de crianças matriculadas nas escolas, identificam-se apenas 47 milhões entre 6 e 17 anos.

Ou seja, temos seis milhões de pessoas a mais no sistema (repetentes em sua imensa maioria), resultando em um custo para o Brasil de cerca de R$12 bilhões a cada ano. Dinheiro jogado fora se analisarmos os números do Prova Brasil que mostram claramente que o desempenho dos alunos com um histórico de retenções é inferior ao dos que nunca repetiram o ano. Ainda que seja óbvio, vale lembrar que a repetência, via de regra, não faz alunos melhores.

Claudio Mendonça é Presidente da Fundação Escola de Serviço Público do Estado do Rio de Janeiro (FESP-RJ)

[1] Cooperative Learning – Robert Slaving – 1995

quarta-feira, 12 de março de 2008

Cobertura da coletiva do Gabeira - 11.03.2008


"Salvando o Rio de Janeiro do processo de decadência"


Com apoio do cacique maior do PSDB no Rio de Janeiro, Marcelo Alencar, e cercado pelos companheiros Alfredo Sirkis (PV) e Stephan Nercessian (PPS), Fernando Gabeira começou a entrevista explicitando a importância de ter escolhido a ABI (Associação Brasileira de Imprensa) como palco do lançamento de sua pré-candidatura à prefeitura: “Estou aqui na ABI defendendo a liberdade de imprensa, que está ameaçada no país.”.


Como militante da Educação, confesso que amoleci ainda mais quando ele citou o modelo educacional de Leonel Brizola: “Brizola tinha razão. Tinha o modelo ‘bala de prata’ para resolver os problemas da educação brasileira.”. Com esta afirmação Gabeira reconheceu que a educação de qualidade passa pelo horário integral. “Reconhecemos a premissa de que, quanto mais tempo na escola, mais a criança aprende.”.


O candidato está totalmente aberto ao apoio do PDT. Não somente ao apoio do partido, mas também dos militantes e dos cidadãos que admiram o trabalho de Brizola e Darcy Ribeiro, encarregado de coordenar a implantação dos Centros Integrados de Educação Pública (os famosos CIEPs) nos dois mandatos em que fez parte da equipe do então governador.


Gabeira seguiu defendendo o currículo único e a capacitação dos gestores das escolas.


Outro ponto enfatizado pelo candidato foi o RENASCIMENTO DO RIO DE JANEIRO. “O Rio está em um processo de renascimento, temos que criar uma corrente positiva pra ganharmos força e depois negociar”, afirmou Gabeira, se referindo à taxa de renegociação da dívida que o município ainda tem com a União.


“O prefeito não conseguirá nada sozinho. O problema será resolvido pela cidade, no conjunto.”. Sobre a identificação com a Zona Sul nos votos federais, Gabeira foi enfático. Pediu tempo para conquistar a população: “A questão será resolvida adequadamente, com o tempo. Quero tempo para a conquista. Posso não ficar com a maioria, mas muita gente vai me entender.”.


Ao ser questionado pela polarização ESQUERDA x DIREITA, Gabeira respondeu dizendo que o momento não é para isso: “Polarização esquerda e direita está superada. Queremos desenvolver o Rio de Janeiro de forma capitalista, claro, mas com respeito ao meio-ambiente e às condições de trabalho.”.


O apoio da juíza Denise Frossard também é desejado: “Pretendo pedir o apoio da juíza Denise o mais rápido possível. Será uma honra.”.


Gabeira está abrindo a guarda: “Minha principal diferença entre o atual prefeito do Rio é que eu vou ouvir. Temos um prefeito muito preparado, que estuda muito... Acompanha os dados... Mas essa é a principal diferença. Eu também vou ouvir.”.


O candidato espera agir em conjunto, tanto ao governo estadual quanto ao federal, principalmente na questão da segurança pública.


“Quanto melhores os candidatos e mais propositivos, melhor a disputa”.

Março / 2008

segunda-feira, 10 de março de 2008

A Tecnologia da Informação a serviço da Educação

Dados do MEC mostram que, desde o início de 2007, o ProInfo (Programa Nacional de Informática na Educação) expandiu o atendimento de 1,8 mil para 5,3 mil municípios, ampliando de cerca de 6,5 mil para 13 mil escolas equipadas com laboratórios de informática.

A estimativa é equipar, até 2010, cerca de 80 mil escolas que ainda não dispõem de laboratórios de informática. Apenas em 2008 a programação prevê a inclusão no ProInfo de 20 mil escolas.

Com o objetivo de capacitar os professores para utilizarem da melhor maneira possível os recursos da Tecnologia da Informação, o Governo do Estado do Rio de Janeiro distribuirá este ano 31 mil notebooks, com conexão à Internet em banda larga, para os professores do ensino médio das escolas públicas estaduais. E pretende aumentar este número.

As escolas que mantêm laboratórios de informática os utilizam pouco como aliados no ensino das matérias. Para reverter este quadro, juntamente com o notebook, serão oferecidos cursos de capacitação à distância para os professores contemplados e está sendo estudada a possibilidade de ser montado um Help Desk para auxiliar os novos usuários.

A educação à distância é um mercado que cresce, em média, 40% ao ano (SENAC, 2007), e destaca-se pela flexibilidade, rapidez e redução de custos nos processos educacionais. Integra tecnologias da informação e comunicação avançadas com projetos pedagógicos inovadores, facilitadores de um processo educacional autônomo e continuado. Sendo assim, o programa foi planejado para abranger não só a inclusão digital, mas também oferecer módulos específicos para a área de Educação.

Os módulos foram planejados para que o professor, por meio das experiências propostas, possa se familiarizar com os recursos tecnológicos; se aperfeiçoar nas ferramentas de texto, planilha e apresentação; desenvolver as competências necessárias para operar os recursos da Internet podendo enriquecer as aulas com conteúdo disponível na rede; adequar as competências docentes a uma atuação profissional voltada para a aprendizagem, visando a utilização de material didático interativo e selecionar recursos pedagógicos de acordo com a atividade a ser desenvolvida.

Esta é uma forma de buscar a melhoraria da qualidade da educação, beneficiando os profissionais com os recursos da Tecnologia da Informação, para que eles possam transferir os conhecimentos digitais para seus alunos.

A capacitação dos professores é essencial para que eles se familiarizem com as principais ferramentas tecnológicas e aprendam como produzir e realizar buscas por conteúdos que possam ser utilizados em suas aulas ou, até mesmo, para sua própria atualização e desenvolvimento profissional.

O projeto espera que os docentes utilizem o notebook como uma ferramenta para a preparação das aulas e no ensino das matérias previstas no currículo. Ou seja, o equipamento será um meio para ensinar e melhorar o desempenho dos alunos nas matérias desejadas.

O programa do curso deve ser atual e interativo, incentivando os professores a assumirem uma atitude pró-ativa na busca de conhecimento e na construção do saber, competências essenciais para a promoção da reciclagem ao longo da vida. Além disso, as aulas devem capacitar o professor a integrar a tecnologia nos seus afazeres diários e a desenvolver habilidades e competências que possibilitem uma melhoria na sua qualidade de vida.

Estudo da Unesco lançado em 2003 ("ENSINO MÉDIO: MÚLTIPLAS VOZES") revelou que os professores que admitem não dominar a informática são mais comuns nas redes públicas de ensino. As porcentagens de docentes pesquisados que admitem não dominar a tecnologia da informação, a depender da capital, variam de 24,6% a 7,2% nas escolas públicas e 7,7% a 1,2% nas escolas privadas.

Segundo a indicação dos alunos os laboratórios são pouco usados como recurso pedagógico. Na rede pública, essa indicação varia de 92% a 89,9%. Nas escolas privadas, as proporções diminuem em todas as capitais, mostrando que os alunos dessas escolas têm mais acesso aos laboratórios, contudo não usufruindo uma situação ideal, pois entre esses a indicação de não utilização varia, de acordo com a capital, entre 86,3% a 9,1%.

Educação de qualidade prevê a criação de estratégias que permitam ao aluno passar de ano sabendo o conteúdo, o incentivo à prática da leitura, o acesso aos laboratórios de ciências e informática e às atividades esportivas e culturais. Para isso é necessário contar com a colaboração de profissionais motivados e capacitados.

A Inclusão Digital deve ser promovida de forma responsável, para possibilitar a geração de trabalho e renda. Numa sociedade como a brasileira, em que mais de 97% da população em idade escolar está estudando é de esperar que a Inclusão Digital se faça predominantemente dentro da escola e através dela, incluindo também seu corpo docente.

Agora é esperar para ver.
Março / 2008

quinta-feira, 6 de março de 2008

Gabeira!!

O Rio de Janeiro não é um burgo podre
Elio Gaspari

A CANDIDATURA de Fernando Gabeira à Prefeitura do Rio de Janeiro será um sopro de inteligência na campanha eleitoral de uma cidade que parece entregue a um condomínio de caciques, comendadores e poderosos chefões. Na ponta do lápis, sua chances são pequenas, menores que as de Barack Obama em fevereiro do ano passado.Desprezando o pedaço de sua biografia que ficou no século passado, vale relembrar que Gabeira mandou o PT passear em outubro de 2003.Naquela época, os poderosos da República veneravam a trindade de comissários do "núcleo duro" do governo: José Dirceu, Antonio Palocci e Luiz Gushiken. (O primeiro registro digno de fé da existência de um sistema de mesadas no Congresso é de fevereiro do ano seguinte. O termo mensalão só aparece em setembro.)

Aos 67 anos, o deputado do PV entra em mais uma briga, carregando nas costas a mochila da decência. Há candidatos em quem se vota para ganhar e há aqueles com quem se vai na certeza da derrota. Lula em 1994 e 1998 foi um exemplo desse paradoxo da democracia. Gabeira parece ter essa qualidade. É melhor perder com ele do que ganhar com alguns de seus concorrentes.Em 1973, opondo-se à fusão dos Estados do Rio e da Guanabara, que continha a valorosa cidade de São Sebastião, o economista Eugênio Gudin escreveu um memorável artigo intitulado "A Guanabara não é um burgo podre". Quase meio século depois, grande parte do poder político da cidade concentrou-se nas mãos de oligarcas e chefões.

Gente estranha, que se elege coligando-se com o inimigo a quem chamou de ladrão ontem e chamará novamente amanhã. Politicamente, o Rio de Janeiro nunca esteve tão perto de virar um burgo podre.

Nunca é demais lembrar que foi Nosso Guia, associado ao comissário José Dirceu, quem permitiu o aparecimento da dinastia dos Garotinho e de seus derivados. Em 1998, a dupla interveio no PT do Rio de Janeiro e detonou a candidatura de Vladimir Palmeira ao governo do Estado. Só o tempo dirá se essa decisão pode ser comparada à chegada do mosquito da febre amarela ao porto da cidade.

A presença de Fernando Gabeira na eleição talvez não resulte na sua ida para a prefeitura, mas terá três efeitos, todos benéficos. No primeiro, melhorará o nível de decência da disputa. Mesmo que melhore pouco, isso já será alguma coisa. No segundo, justificará a ida de pessoas para a rua, nem que sejam cinco. A idéia de ver alguém numa esquina agitando uma bandeira sem aquela cara de quem está esperando um lanche e R$ 50 já faz bem à alma. No terceiro, o mais relevante, trará uma voz que nunca se associou à demofobia que tomou conta da agenda político-social do burgo. Afinal, a Rocinha não é "uma fábrica de produzir marginal". Se fosse, o Rio já teria acabado.

O carioca não vive numa cidade qualquer. Quando ele vem pela avenida Rio Branco, passa pelo monumento a Floriano Peixoto, dobra e cruza com Deodoro da Fonseca e Getúlio Vargas. Quando chega à Siqueira Campos, vê o bronze (horrendo) dos 18 do Forte. Foi na sua cidade que aconteceram as coisas que fizeram a história daquelas pessoas. Era numa esquina de Ipanema que Tom Jobim e Vinicius de Moraes viam o mundo inteiro se encher de graça.
(Folha de S. Paulo / O Globo)
Março / 2008