sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Shift Happens: estamos prontos para o futuro?


Ano passado o vídeo 'Shift Happens' foi exibido em uma das aulas do Professor Farrell e ontem uma nova versão foi apresentada em aula. Debatíamos mais uma vez sobre as mudanças econômicas e as implicações na Educação mundial.


Resolvi pesquisar um pouco mais sobre ele e achei a página oficial dos educadores que criaram os vídeos originais.
Karl Fisch e Scott McLeod, explicam que o crescimento econômico da Índia e da China não deve ser visto como negativo, como a maioria dos analistas e estudiosos norte-americanos apontam.


Eles acreditam que este fato significa apenas que as oportunidades no mundo estão sendo ampliadas. Eles desejam que todas as crianças sejam bem-sucedidas. E este desejo deveria ser global.


O conceito de globalização e de “mundo plano” (onde comercialmente todos têm as mesmas oportunidades no mercado global) tem suas desvantagens assim como toda forma de mudança social - o que é chamado de “societal shift”.

“We prefer, however, to focus on the positive benefits and on doing what we can to help children learn and grow so that they may become successful digital, global citizens”, eles afirmam.


Preferimos, no entanto, focar nos lado positivo e trabalhar soluções para ajudar a nova geração a aprender e crescer, no sentido de se formarem cidadãos bem-sucedidos nesta nova era digital (tradução livre).


Assista a última versão:





quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

The Function of Schools

"The important thing is to be able to obey orders, and to do what you're told, and to be where you're supposed to be. The values are, you're going to be a factory worker somewhere - maybe they'll call it a university - but you're going to be following somebody else's orders, and just doing your work in some prescribed way. And what matters is discipline, not figuring things out for yourself, or understanding things that interest you - those are kind of marginal: just make sure you meet the requirements of a factory."

Noam Chomsky, contando a história pessoal de seu melhor amigo, que era chamado na sala do Diretor se chegasse 3 minutos atrasado, mas quando tirava um "C" ninguém fazia nada...

O longa metragem "We are the people we've been waiting for", tema do post de 12 de novembro do ano passado, fala exatamente sobre isto. Não precisamos mais de trabalhadores de fábricas. Para isso a tecnologia criou as máquinas. Precisamos de uma geração de novos talentos.

A Função das Escolas

O último post falava sobre os debates que tenho tido em torno da função da escola. Citei meu professor de Educação para a Sustentabilidade, Robert Farrell. Ele nos lembra que o ato de educar vem recebendo críticas cada vez mais freqüentes: a falência do processo de aprendizagem, escolas sendo consideradas “máquinas de triagem” ou reprodutoras do status quo....

Um livro excelente que ele indicou para esta reflexão chama-se “Education as enforcement: the militarization and corporatization of schools” ou, em português (tradução livre) “A Educação como coação: a militarização e corporativização das escolas” (2003).

Os autores são David Gabbard e Kenneth J. Saltman. Gabbard é bacharel em Língua Inglesa, mestre e doutor em Educação (Fundamentos da Educação). Tem 5 livros publicados e reconhecimento internacional por suas contribuições críticas para as políticas públicas educacionais e teorias educacionais democráticas. Saltman, 9 livros publicados, tem bachalerado em Filosofia, mestrado e doutorado em Educação (Currículo e Instrução – creio que no Brasil também pode ser traduzido por Currículo e Ensino).

Infelizmente o livro não foi traduzido para o português. A linguagem é simples e o capítulo que mais me interessou está escrito em forma de entrevista. Chama-se “A Função das Escolas - métodos simples e sutis de controle” (tradução livre), por Noam Chomsky.

Noam Chomsky é linguista, filósofo e ativista político, professor de Linguística no Instituto de Tecnologia de Massachusetts. Com dezenas de livros publicados, Chomsky também é um crítico afiado dos meios de comunicação de massa e de seu papel no apoio aos interesses das grandes empresas e dos governos (especialmente o americano).

Ele destaca na entrevista que as Universidades são organismos parasitas, que necessitam de investimentos de governos e outras instituições e corporações, além das matrículas particulares. Para que continuem recebendo estes fundos, precisam servir a estes grupos.

Chomsky lembra ao leitor que quando as Universidades começaram a deixar que os alunos debatessem muito livremente (como no final dos anos 60 nos EUA – e aqui podemos dizer que o mesmo aconteceu durante o Golpe Militar); instituições como a IBM começaram a criar seus próprios institutos de educação vocacional. Grandes empresas corporativizam a educação para que ela sirva seus propósitos.

A reflexão que aqui fica é o quanto estamos deixando que o mercado, a globalização, os governos, enfim, as estruturas que estão no poder, dominem quase que totalmente a forma como ensinamos. Simplesmente pelo fato de que é fácil e eficiente treinar pessoas para esses fins...

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Iluminismo Ambiental: Você tem sede de quê? Você tem fome de quê?

Estou participando de debates muito interessantes ligados ao tema da sustentabilidade. O que mais têm me chamado a atenção é o tema ligado à Ecologia Urbana. As pessoas não pensam nas cidades como parte da Natureza. Tradicionalmente, o estudo da ecologia tem sido aplicado aos sistemas naturais de tal forma que o impacto humano foi excluído da equação biológica (Lord et.al., 2001*).

A conclusão recente é de que as cidades, são sim, verdes! Este é um novo conceito que desafia os cientistas tradicionais a pensar e agir de uma nova forma. Com o objetivo de disseminar este novo conceito é importante incorporar no ensino tradicional a importância da Pegada Ecológica – tema do post de 17 de janeiro de 2010. É essencial qualificar os educadores para que eles promovam debates sobre a percepção das relações entre todos os sistemas naturais.


Principalmente as cidades (ecossistemas urbanos) e os ecossistemas selvagens. Para que possamos ter um mundo mais sustentável é necessário que as novas gerações entendam a importância da preservação dos ambientes naturais, seja qual for o caminho profissional que eles sigam no futuro.


Citando meu professor de Educação para a Sustentabilidade:

"Uma mudança de consciência, que é vital para a mudança de comportamento, é muito difícil de alcançar e exige o processo desafiador e lento de desaprender e reaprender."*
Professor Robert Farrell
Florida International University


Educação para a Sustentabilidade significa educar para um mundo mais justo, o que envolve os pilares econômicos, sociais e ambientais. Citando o Professor Farrell mais uma vez, o ato de educar vem recebendo muitas críticas: a falência do processo de aprendizagem, escolas consideradas “máquinas de triagem” ou reprodutoras do status quo....


O que deveria ser ferramenta de transformação social se transformou em uma fábrica de força de trabalho. Força utilizada por governos para a busca incessante pelo poderio econômico no mercado globalizado (escravizando e sufocando talentos individuais) e até mesmo a Guerra (a exemplo dos EUA).


Estamos no Século XXI, mas a Educação ainda está nos moldes ultrapassados. Continuamos formando gerações de “tijolos” (vídeo abaixo) para servir este sistema econômico massacrante e injusto. E sem a menor capacidade crítica e de transformação...


*Tradução Livre (Natural Cities: Urban Ecology and the Restoration of Urban Ecosystems)



Leia também:

Educação, criatividade e atividade física

Nosso Sistema Educacional Funciona?

Interdisciplinaridade: Educação para a Sustentabilidade

Aprendizagem Sustentável

As Crianças e a Natureza